Na primeira cena do filme “Armas na Mesa”, Elizabeth Sloane (interpretado por Jessica Chastain) afirma que “fazer lobby é prever, antecipar os movimentos dos seus oponentes e planejar as ações em contrário”. Levando isso em conta (e relevando a dramatização hollywoodiana, claro), o primeiro passo para a elaboração de uma estratégia de atuação nos Poderes da República é buscar informações.

Como se sabe, atualmente circulam na rede milhões de informações pessoais, cooperativas e governamentais. Informações sobre preferências, localizações, compras, relações, índices econômicos, índices sociais e diversas outras.

E é claro que nem toda informação em circulação será relevante para a sua estratégia. Então, seguimos para o segundo passo que é ter foco no objetivo da ação. O dado, ou fontes de informações, precisa ser tratado para que se possa extrair conhecimento e, posteriormente, inteligência. Parece simples, mas várias pessoas, empresas e governos erram nesse ponto. Informação não é conhecimento e não gera inteligência por si só. O dado deve ser relevante, deve ser trabalhado, testado, esmiuçado e, só então, será possível gerar conhecimento sobre o tema.

Superado esse ponto, passa-se à busca por correlações. De que maneira uma ação impactou determinado resultado? O processo de correlações é demorado, sensível e exige uma leitura muito fria dos dados que estão sendo correlacionados. A frase pronta do momento é “dados são como o novo petróleo do século XXI”. Contudo, se não houver perfuração, mineração, tratamento e uso adequado, eles serão simplesmente desperdiçados bem debaixo de nossos pés.

Ou seja, apesar da nossa capacidade de compilar cada vez mais dados, o que se busca é a informação precisa, acurada. Para um tomador de decisões, a pedra preciosa não é uma montanha de dados, diamante bruto, mas o dado em seu contexto, lapidado, com conexões claras com as demais informações disponíveis.

O uso certeiro dos dados, conforme simplificadamente apresentado acima, oferecerá vantagem competitiva e ferramentas muito mais assertivas no combate de ideias e de convencimento dentro dos Poderes. Isso também pode ser resumido em outro trecho do mesmo filme, “certificar-se de surpreendê-los e de não ser surpreendido”. Os dados, em grande parte, são públicos: quem os domina está em vantagem sobre os demais oponentes.

O problema é que o segmento de Relações Governamentais, ao qual eu pertenço, ainda tem sido muito tímido no uso de todo esse potencial, em parte por desconhecimento, em parte por preconceito e também por comodismo.

Se informação é poder, imagine como a sua instituição, empresa, setor ou nicho de atuação seria tendo um poder informacional virtualmente sem limites. Imagine ainda ter relações muito mais profundas com os atores políticos, propondo alternativas fundamentais e orientadas por um volume de dados não só enorme, mas principalmente direcionado. É isso que nos aguarda. Não no futuro. Hoje.